Como Desenvolver a Competência Intercultural dos Aprendizes de PLAc?

Ma. Flávia Campos Silva (CEFET/MG)

RESUMO: Em um contexto de globalização caracterizado por intensos fluxos migratórios resultado de uma migração de crise (CLOCHARD, 2007), temos presenciado uma reestruturação nos projetos de ensino de Português Língua Não Materna (PLNM) no Brasil. As configurações que temos hoje estão alicerçadas para além de uma metodologia prescritiva e normatizante – prática comum no ensino de Português como Língua Estrangeira (PLE) no contexto de intercâmbio, turismo e demandas profissionais de grandes empresas – tendendo a ser cada vez mais orientadas com vistas ao desenvolvimento da competência comunicativa intercultural (HYMES, 1972, VAN EK 1986, BYRAM, 1997) dos aprendizes.  Tal mudança se deve ao fato de que, agora, estamos diante de um público cujo status migratório aponta para um quadro de vulnerabilidades até então inexistente. Trata-se de imigrantes deslocados à força que, se não receberem a devida assistência e amparo da sociedade receptora – acolhimento esse que engloba o aprendizado da língua local – dificilmente efetivarão o processo de integração e seguirão marginalizados. Tomando esse cenário como referência, temos a pretensão de refletir sobre a dinâmica de funcionamento do Português como Língua de Acolhimento (PLAc) (GROSSO, 2010; AMADO, 2013; PEREIRA, 2016; SÃO BERNARDO, 2016) compartilhando práticas didático-pedagógicas que têm sido instrumentos de promoção da consciência intercultural dos cursistas de PLAc no CEFET-MG. Com base em premissas da pedagogia crítica (FREIRE, 1979/1987/2011/2014/2015) o presente minicurso tem a pretensão de apontar para maneiras de desenvolver a competência intercultural desses aprendizes por meio de conteúdos que articulem o global e local, evidenciando a diversidade e a produção de saberes em diferentes culturas. Sabendo que a abordagem a que nos referimos apresenta especificidades principalmente no tocante ao contexto de aprendizagem e ao público-alvo, nosso objetivo é, tomando o conhecimento enquanto um instrumento agentivo, levantar possibilidades de ensinar o português ao mesmo tempo em que subsidiamos condições para que esses sujeitos reconhecidos quase exclusivamente pelo “discurso da falta” (NEVES, DINIZ, 2018), possam reconhecer sua cidadania, (re)significar suas identidades e se fortalecerem politicamente para lutar contra formas de opressão e exclusão.

PALAVRAS-CHAVE: Migração de crise; PLAc; Competência intercultural.

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